segunda-feira, 15 de março de 2010

Flor em Construção

Um dia Flor, que se mostrara sempre sorridente acordou insatisfeita e percebeu que aquilo que havia imaginado e escolhido viver como alegrias e vivido sem medos regressava agora à sua breve vida na forma de terrores que tanto lhe ocupavam o dia como a noite. Flor percorria o seu interior com interrogações, confrontos e dúvidas tão violentas que quase se sentia desaparecer.. Percebia que tinha encenado uma parte da sua experiência e se tinha deixado levar neste enredo, sem controlo. Sofria pela primeira vez com a dor de se ver agora à distância numa dança desconhecida. A dança da fuga. Enfrentou nestes momentos tantas dores, fantasmas e acontecimentos que lhe pareciam tão intransponíveis e tão distantes da pessoa que lhe parecia querer tornar-se. A sua pior dor era não saber de si. Nem nas alegrias nem nas tristezas. Mas da dúvida nasce sempre uma certeza e de certeza em certeza, Flor construiu uma estrada inacabada... A estrada de se aceitar sem um fim à vista e de se transformar com o mundo, as pessoas e com o nascimento do seu pequeno grande mundo interior, como Pessoa.
ACC

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